11/01/08

O fim dos portugueses

Os chamados “testes do pezinho”, centralizados pelo Instituto de Genética Médica, são reconhecidamente um indicador fiável da evolução dos nascimentos em Portugal. Ora, segundo os dados do ano passado terão sido feitos menos 3030 testes. Já o ano de 2006 tinha apresentado números muito preocupantes. Os dados de 2007 acentuam vigorosamente o estado de calamidade demográfica que estamos a atingir.

A admirável sociedade que estamos a construir, em nome da competitividade, da eficácia e da eficiência, está a autodestruir-se. A demografia parece querer evidenciar o suicídio colectivo, generosamente planeado pelos gestores e empresários, nacionais e internacionais, e que encontra nas castas governantes os seus mais prestimosos timoneiros.

Mas esta admirável sociedade faz parte desse ainda mais admirável mundo novo em que a ciência roubou à natureza os ardis com que ela fazia com que os povos se reproduzissem. A ciência pôs na mão da razão calculadora a chave da procriação. Os resultados são o que são.

Tudo isto faz-me lembrar Kant quando nos diz que se a natureza tivesse dado ao homem a razão para este alcançar a felicidade, muito mal teria andado, pois o instinto seria um guia mais seguro e infalível. Parece que nós somos a prova empírica da asserção kantiana. Quando deixará de haver portugueses?

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