14/01/08

O serviço de Deus e as partidas do diabo

A pantomina que se desenrola em torno do BCP recorda-me uma outra mais antiga e que já foi rasurada da memória pública. Refiro-me à TVI. A TVI nasceu, por indulgência do professor Cavaco, como um projecto de televisão católica. A Igreja fez uma cruzada até que a o canal lhe foi entregue. Os resultados são conhecidos. A televisão não parece ser um negócio que agrade a Deus. Pelo contrário, dir-se-ia que nela anda mão do demónio. Não tardou que o descalabro financeiro do projecto entregasse a TVI à iniciativa privada. E de iniciativa em iniciativa lá foi parar às mãos de um grupo espanhol, de coloração socialista e sob a batuta administrativa de outro socialista, Pina Moura.

Em certa altura da vida política portuguesa, parece que um conjunto de gente com dinheiro e muito crente, diz-se que próximos ou pertencentes à Opus Dei, lá achou que o Deus dos céus precisava de um banco na terra. Contrariamente à televisão, o BCP prosperava, muito inovador e onde medidas absolutamente discriminatórias eram vistas como modernizadoras. Ali sim, havia mão do Senhor. Mais uma vez houve um erro de cálculo. Se há uma coisa de que o magano gosta, até mais do que de televisão, é de dinheiro e do poder ligado ao dinheiro. E sorrateiramente, cochicho aqui cochicho ali, o porcalhão lá armou a cena que estamos todos a descobrir, enquanto ele, dando umas fumaças num bom charuto cubano, se ri. Parece que, se tudo correr como o previsto, amanhã chegará à chefia do santo banco uma equipa povoada por socialistas.

A única coisa que, nestas histórias didácticas, não percebo é o papel dos socialistas: serão anjos da guarda dos crentes transviados e seduzidos pelos bens materiais ou diabretes ao serviço do «vade retro…»?

1 comentário:

maria correia disse...

São diabretes ao serviço do vade-retro...