Marquesa de Alorna - IV "Como, importuno Amor, inda procuras"
Como, importuno Amor, inda procuras
Misturar-te entre as minhas agonias?
Vai, cruel, para onde os alegrias
No seio da Fortuna estão seguras;
Onde em taças douradas, formosuras,
Esgotando o prazer, passam seus dias;
Onde acariciado tu serias
Por quem nem sabe o nome às desventuras.
Ao som de harmoniosos instrumentos,
No peito, que é de pérolas ornado,
Criarás mil suaves sentimentos;
Mas em mim, que sou vítima do fado?!...
Cercada dos mais ásperos tormentos,
Achas uma alma só — e um só cuidado.
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