30/01/08

Igreja da Santíssima Trindade - XXIII

3 comentários:

zemanel disse...

Quando visitei a Catedral vi a maior parte das pessoas protestando contra este Cristo.
Os homens e as mulheres devotos, vindos nas excursões, para lá de espantarem com a brancura da catedral, indignavam-se com "feiura" do Senhor Cristo.
A mim, ateu que sou, curiosamente achei que é das imagens de Cristo mais fortes que vi até hoje.
Estamos perante um Cristo Humano, que sofre, em linguagem teológica "sofre por todos nós".Um Cristo cujo olhar cabisbaixo nos interpela. Um Cristo que me fez lembrar o Cristo de José Saramago.

Jorge Carreira Maia disse...

É um Cristo extraordinário. É pena que as fotografias não façam justiça à obra. A máquina usada não tem flash que permitisse mostrar o Cristo, bem como todo o painel, na sua verdade.

É extraordinário porque é um Cristo que corta com as imagens kitsch que pululam e de que Fátima é uma das mais acabadas expressões.

Não sei se é o Cristo de Saramago, mas sei que ali nós encontramos o homem sofredore não o homem vitorioso. Há uma grandeza incalculável no cristianismo: pegar nas imagens de um menino que nasce nas palhas e que morre na cruz e fazer dela a manifestação do absoluto é um feito civilizacional extraordinário. Buda era um rei que não o quis ser, Moisés um fundador de nação, Maomé um chefe político, mas Cristo era o nada, isto é, cada um de nós na sua fragilidade. É isso que este Cristo, para mim, mostra. É um Cristo que não tranquiliza ninguém... Porventura é disso que o mundo precisa.

maria correia disse...

É um Cristo humano, divinamente humano,que parece cair sobre nós, e que, nessa queda mítica do deus à matéria, se funde em nós, tornando-nos todos iguais. Dos mais belos que já vi.