25/01/08

Marquesa de Alorna - XI "Esperanças de um bem tão contingente"

Esperanças de um bem tão contingente,
Com que fim me andais sempre atormentando?
Se inútil é que eu viva suspirando,
Porque me não deixais viver contente?

Ora fingis distante, ora presente
O motivo do mal que estou chorando;
Fingi-me, se podeis, ao menos quando
Hei-de viver feliz, sendo indif’rente.

Se tanto vos aflige o meu sossego
Que o perturbais por modo tão tirano,
Matai-me, que a morrer eu não me nego.

Mas se viva, o destino deshumano
Me quer, fugi; que eu triste já me entrego
Ao descarnado e duro desengano.

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