31/01/08

Reforma, a palavra mágica

Agora que o ministro Correia de Campos foi demitido, apareceu um coro de gente compungida pela partida de um ministro tão reformador. Há palavras que se tornaram mágicas. Por exemplo, modernizar. Quando uma palavra se torna mágica ninguém pensa naquilo que ela designa, mas no efeito que ela produz ao ser pronunciada. A palavra reforma é, também, uma palavra mágica. Não sou contra o facto de se fazerem reformas. Mas sempre que uma reforma está em curso ou em vias de acontecer, há duas perguntas que se devem fazer. Reformar para quê? Eu, como professor, tenho assistido a imensas reformas na educação, nem calculam. Para que serviram, incluindo a actual? Para aumentar a confusão no sistema e piorar o serviço prestado pela escola. Não vale a pena ter ministros cheios de hormonas reformistas, se a coisa reformada fica substancialmente pior.

Mas esta pergunta ainda provém de um estrato mental onde prepondera a inocência. Há uma segunda pergunta fundamental: as reformas servem a quem? Por que uma reforma não serve a todos ao mesmo tempo. Há quem ganhe e há quem perca. E muitas vezes certas reformas, cujos resultados são maus para muita gente, servem a alguns. É por isso, para mascarar a injustiça que a reforma introduz, que se tornou a palavra reforma numa palavra mágica. Pronuncia-se «reforma» e «reformista» como se isso fosse sinónimo de «bem» e de «acção boa». Não é.

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