Marquesa de Alorna - X "Piério, tu que logras a ventura"
Piério, tu que logras a ventura
De ver benigna a face do Sob’rano,
Compadece-te lá do acerbo dano
Que nos cerca, a-pesar-da fé mais pura.
Não turbes dos prazeres a doçura,
Mas tira saudável desengano
De ver fugir um ano e outro ano,
Enquanto nos persegue a sorte escura.
Vê com quanta incoerência os bens reparte
Fortuna, que injusta oprime o todo,
Bem que respeite em ti a melhor parte;
Aceita o seu favor de qualquer modo,
Mas não te fies dela de tal arte
Que te esqueça que o bem terreno é lodo.
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