Pretérito Imperfeito - V. Entre vestígios de cal
Entre vestígios de cal
abre-se um espaço bravio
um ardor colhido pelos braços,
uma dor que a tudo esmaga.
Ao longe, num horizonte de arbustos,
crescem montes, restos de calcário,
a esperança ferida pelos dedos ocultos
no segredo tão esquivo dessa mão.
Que fizeste da ânsia com que aos dias
te entregavas?
Morreu-te o instinto e tudo é sombra,
folhas a desesperar nos ramos,
restos de uma história sem reis nem soldados,
o caminho perdido
onde caem como tu loucos os animais.
[JCM. Pretérito Imperfeito. 1981]
1 comentário:
Belíssimo poema este, sombrio, imperfeito como a Criação que, apesar de tudo, é bela...
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