02/11/07

Recanto da Barquinha

Cada vez gosto mais de Vila Nova da Barquinha. Esta vila ribatejana junto ao Tejo é um lugar aprazível, com um centro histórico simpático e razoavelmente conservado, um sítio tranquilo onde se suspeita uma excelente qualidade de vida, desde que não se queira a agitação citadina. Tem um espaço verde de muitos hectares, junto ao rio, de fazer inveja a médias e grandes cidades.

Mas se falo hoje da Barquinha, não é tanto pelo agradável que a vila é, mas por causa de um restaurante, o Recanto da Barquinha. Já, em tempos, me tinham falado nele, mas uma consulta ao menu, colocado no exterior, fez-me torcer o nariz. Será possível combinar comida portuguesa, brasileira, goesa e africana? Preconceituoso como sou, dei meia e volta e fui tratar dos prazeres da gula para outro lado. Bom, até que um dia, em desespero de causa, lá entrei. Uma sala com um enorme brique-a-braque, relativamente pequena, deixou-me perplexo, o que sairia dali? Julgo que a primeira coisa que lá comi foi moamba e decidi voltar. Boa cozinha, atendimento simpático, ambiente acolhedor, apesar da proximidade das mesas. Fiz múltiplas experiências e nunca me arrependi. Mas tornei-me um indefectível da cachupa de 6.ª feira.

Hoje, depois de mais um dia de escola para esquecer, lá me entreguei à cachupa. Perdoe-se-me a ousadia, mas este prato bate em muito as nossas feijoadas, seja pela introdução dos milhos, branco e amarelo, seja pela variedade de feijões, feijoca, feijão manteiga, feijão fava, que é importado do Peru, e feijão pedra, seja pelas rodelas de mandioca e de batata-doce, a verdade é que tudo se conjuga com as carnes e legumes para produzir uma refeição substancial e ao mesmo tempo de um sabor refinado, a acompanhar por um tinto. Hoje experimentei um alentejano, Convento da Tomina, de 2006. O vinho suportou muito bem o conflito com o prato de sabores marcados, e apresentou uma óptima relação qualidade preço. Tem um defeito, como grande parte dos vinhos em Portugal, um elevado teor alcoólico, 14º. Depois do prato, tem uma enorme variedade de excelentes sobremesas. Eu fiquei por um abacaxi, ajuda a fazer a digestão. Se não vai conduzir, aconselha-se um digestivo. Se vai, espere por chegar a casa, se for perto, e beba um conhaque ou, de preferência, uma boa aguardente de vinho do porto. Por hoje, fiquei-me por um calvados, é preciso variar.

Nota: se está de dieta, esqueça. Ali é um sítio onde se cultiva o prazer de comer.

1 comentário:

carlos alberto disse...

apesar de ser pequeno, é muito bonito pois esta muito bem decorado. Adoramos as gambas de caril e a moamda de galinha que tem um paladar invejavel e as sobremesas que sabor. o atentimento é optimo, RECOMENDO.