A Cidade Flutuante - 24. Não é uma cidade marítima
Não é uma cidade marítima,
nem há portos fluviais,
nem barcos,
nem velas,
nem cais.
Há um rio frágil
que caminha
entre ruas e quintais
e lá mais à frente desagua
num outro,
para o mar vai.
Uma cidade assim
adormece sossegada
quando a noite vem
e logo se levanta
se o Sol espreita
no velo da madrugada.
Tão lenta é a cidade,
nela caminham
homens e animais,
cães que uivam na noite,
gatos bravios sobre os telhados,
gente que chora
se a vida desaba
na água do rio,
para outro vai,
antes de se perder,
a vida e a água,
longe da terra
na névoa do mar.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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