A Cidade Flutuante - 22. Contei todas as janelas que havia
Contei todas as janelas que havia
naquelas ruas por onde passava
e assim tracei rotas,
descobri caminhos,
um mapa veio-me pelos dedos.
Já não passo nas ruas que me viam passar.
Salitradas, as paredes caíram
e nos escombros há gatos fanados,
papéis ardidos
e um rumor de anjos
e de fantasmas que choram,
como se fossem vento
ou o leve bater das penas ao cair.
Se conto,
conto só os dias que passaram
desde que contava as janelas que havia
nas ruas por onde passava.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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