A Cidade Flutuante - 10. Entro numa igreja
Entro numa igreja,
as paredes nuas,
um Cristo pende sobre o altar.
Ali, naquele silêncio divino,
oiço a rua a passar
e penso em quem aqui vem
e as dores que há-de ter
e as casas que há-de habitar
e as ruas a percorrer.
É esta a minha oração,
sentado diante de Cristo
falo-lhe da cidade
e das árvores
e das gentes. Ele nada me diz,
naquele silêncio pendente que é o d’Ele.
Depois ergue a cabeça e sorri,
pois os deuses também sorriem,
e logo a deixa tombar
como um fruto maduro
que se desprende
e de súbito fende o ar.
[JCM. A Cidade Flutuante, 1993/2007]
1 comentário:
Caríssimo Jorge Maia,
Gustavo Faria, professor de EMRC da Maria Lamas, apresenta-se neste blog.
Vou dar uma olhadela!
Cumprimentos!
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