14/11/07

A Cidade Flutuante - 10. Entro numa igreja

Entro numa igreja,
as paredes nuas,
um Cristo pende sobre o altar.
Ali, naquele silêncio divino,
oiço a rua a passar
e penso em quem aqui vem
e as dores que há-de ter
e as casas que há-de habitar
e as ruas a percorrer.

É esta a minha oração,
sentado diante de Cristo
falo-lhe da cidade
e das árvores
e das gentes. Ele nada me diz,
naquele silêncio pendente que é o d’Ele.
Depois ergue a cabeça e sorri,
pois os deuses também sorriem,
e logo a deixa tombar
como um fruto maduro
que se desprende
e de súbito fende o ar.

[JCM. A Cidade Flutuante, 1993/2007]

1 comentário:

Anónimo disse...

Caríssimo Jorge Maia,

Gustavo Faria, professor de EMRC da Maria Lamas, apresenta-se neste blog.

Vou dar uma olhadela!

Cumprimentos!