15/11/07

A Cidade Flutuante - 11. Os campos

Os campos,
os que havia na minha cidade,
rossios azuis maculados de areia
e de folhas acobreadas pelo Outono,
eram páginas de um livro
onde me liam histórias que não conheci.

Por vezes eram um cântico,
outras, uma dor,
as mais, um riso suave na sombra da tarde.
Se chegavam, os cavaleiros da noite
guardavam neles as suas montadas
e corriam ruas velhas de casas vazias,
as telhas partidas, as paredes muradas.

Não há campos na minha cidade,
os rossios perderam o azul, a areia,
e do Outono já não chega o cobre
às folhas que pela aurora deslizam
e cansadas adormecem pelo chão.

[JCM. A Cidade Flutuante, 1993/2007]

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