O senhor Piers Merchant e a corrupção da nossa polícia

No extraordinário comentário feito por um político conservador inglês, Piers Merchant, sobre a nossa polícia e o caso da protecção dada pelo governo inglês aos McCann (ver Sol), o que surpreende não é a afirmação difamatória sobre a natureza «corrupta» da polícia portuguesa e a asserção de que «Portugal não tem uma verdadeira tradição de direitos civis, liberdades e democracia».

O que me surpreende é que o senhor Piers Merchant não demonstre quem estaria a corromper a polícia portuguesa para esta acusar os McCann. Ou melhor, se ela é corrupta quem estaria interessado em corrompê-la. Esta mera dedução lógica levar-nos-ia, de imediato, ao criminoso. Surpreende-me ainda as suas poucas capacidades matemáticas, ao dizer que «muitos dos polícias [portugueses] foram formados durante o fascismo e as instituições ainda têm marcas do longo período da ditadura [de Salazar]». Tendo em consideração que o regime caiu há 33 anos ou os nossos polícias andam todos de bengala, ou o senhor Merchant não sabe fazer contas. Afinal, o sistema de ensino inglês não parece lá muito forte nas áreas da lógica e da aritmética. Quem diria, tendo em conta a forte tradição lógica dos anglo-saxónicos.