A Cidade Flutuante - 21. Desavindo de mim
Desavindo de mim
sento-me num banco verde
daqueles que há
perdidos pelo jardim.
Não procuro o sossego
nem oiço da rua o tumulto,
é apenas um castanheiro
que ergue os ramos
e fala.
Fala dos deuses
que aqui estiveram
e dos peixes do rio
e dos barcos
que um dia vieram
e partiram
para nunca mais
se ouvir a restolhada
dos remos sobre as águas.
Sentado num banco de jardim,
daqueles pintados de verde,
oiço-me cansado
e desavindo de mim.
[JCM. A Cidade Flutuante. 1993/2007]
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