04/11/07

De Holderlin a “A Cidade Flutuante”

Com Gozei já o agradável deste mundo… terminou uma visita à poesia de Friedrich Holderlin. Amanhã será iniciada uma séria de autoria própria intitulada A Cidade Flutuante. Este ciclo começou a ser escrito em 1993 e, depois de um longo interregno, foi concluído em 2007. Os primeiros dezoito textos resultam do retrabalhar do material de 1993. Adicionaram-se mais vinte e dois textos que prolongam e complementam os primeiros. Em A Cidade Flutuante toma-se por tema aparente a experiência da cidade, desta onde cresci e vivo, e da relação ambígua, de proximidade e de distância, que com ela vou mantendo. Mas este tema é, como disse, aparente. O que emerge mais uma vez é uma meditação sobre o tempo, a sua passagem, as ruínas que nascem do seu passar. Há temas que se impõem como um destino e são pressentidos como uma obsessão. Não somos nós que os escolhemos, são eles que nos escolhem. Na minha experiência da escrita poética, nunca há deliberação. As palavras escolhem-se umas às outras, formam uma rede, os textos que surgem nada têm que ver com algo que seja projectado ou programado, nunca sei o que vou escrever. O sentido não está dado e aquele que escreve só acede a esse sentido depois de ler o que escreveu. De certa forma, este ciclo prolonga, de uma forma diferente, pois utiliza o verso livre, a meditação de Cardílio, já aqui publicada.

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