01/02/10

Tanta candura aflige



Com candura, num país em que todos somos mais ou menos cândidos, o ministro das Finanças confessa que se enganou rotundamente na previsão do défice. Mas foi um engano sem intenção. Quer dizer, enganou-se não por perversidade mas por incompetência. E continua no governo? Em última análise, apesar de ser moralmente inaceitável um engano intencional, este seria tecnicamente mais admissível e, como a política não é a moral, também seria politicamente mais compreensível.

O interesse desta história reside na difícil compatibilização entre os imperativos da moral, da política e conhecimento técnico da economia. Se Teixeira dos Santos estivesse calado talvez ainda fosse o melhor. Tanta candura aflige.

1 comentário:

Alice N. disse...

Os grandes cérebros que governam a nossa economia, ou de alguma forma a ela estão ligados, andam muito azarados: o ministro engana-se rotundamente, mas sem querer (afinal, uma distracçãozinha acontece a qualquer um); o governador do Banco de Portugal, esse, coitado, tem azar a triplicar porque nunca dá conta de nada nem sabe nada e nunca faz ideia do que quer que seja nem faz nada, a não ser quando os escândalos rebentam. Com o défice também foi assim. Não fazia a mínima ideia, nunca pensou... Pelos vistos, este mártir é pago a peso de ouro para supervisionar, mas o infeliz também é perseguido pelo azar... Enfim, é tudo boa gente e muitíssimo competente, mas vilmente vítima de má sorte. Como é hábito dizer, estamos bem aviados.