19/02/10

Vontade de vomitar


Estas declarações de Tiger Woods (aqui ou aqui) sobre as suas infidelidades ou o arrependimento delas enojam-me. Já aquando do processo de Clinton senti o mesmo asco pelo arrependimento público. Se eles se arrependem ou não é um problema deles e das respectivas mulheres. É moralmente inaceitável a sua exposição pública. Não vou falar dos interesses que podem convidar a tanto arrependimento. Mas uma coisa é certa. Uma sociedade que pressiona os indivívuos para este triste espectáculo, por muito que se diga liberal, está longe de ser uma sociedade livre. É uma sociedade que não reconhece a raiz da liberdade.

O pior vem pela patologização do comportamento de Woods. Ele tem estado a receber tratamento. Tratamento? Mas se está a receber tratamento é porque está doente. Se o seu comportamento resulta de uma doença então ele não foi livre. Se as infidelidades de Woods não resultaram da sua liberdade mas de um estado patológico, então não tem de que se arrepender nem merece censura moral. Censuramos uma pessoa por ter contraído um cancro? Veja-se como a liberdade é de novo negada.

Ser infiel não é um acto que afecte a sociedade, afecta apenas a relação entre o infiel e aquele que foi vítima da sua infidelidade. É motivo de quebra da relação, mas nada mais. Fundamentalmente, a infidelidade tem a ver com um acto de liberdade. A vontade pode decidir realizar aquilo que a faculdade de desejar lhe propõe (ter um caso) ou resistir a essa proposição. É aqui que está a liberdade dos homens. Woods não é um homem livre, mas um doente que é obrigado a pedir desculpa pela sua patologia. Quando se acha que a liberdade é uma doença, estamos conversados sobre o tipo de sociedade em que se vive.

2 comentários:

José Ricardo Costa disse...

Isto até tem a sua piada. Os antigos países socialistas aprenderam bastante com os países liberais. Estes, não querendo ficar atrás, não descuraram algumas tradições dos países socialistas. É a dialéctica, estúpido!

JR

José Ricardo Costa disse...

Este novo comentário não é dirigido ao autor do blogue, que dispensa perfeitamente o esclarecimento. Mas para os leitores menos avisados será bom explicar que não estou a chamar estúpido ao autor. Socorro-me apenas de uma célebre frase, embora livremente adaptada à circunstância.

JR