06/02/10

O livro do entardecer 33 - queda

abandonamos aquilo que mais amamos
com a leviandade com que se afasta a infância
uma ilusão de árvore a crescer
algumas promessas na algibeira
sonhos exíguos
onde encaixotamos paixões

assim amadurecemos
até a putrefacção tornar as rosas
insuportáveis para o sofrimento
de quem nos vê cair

2 comentários:

jotabil disse...

Parece que tem textura o seu sentimento....mas não junte palavras umas atrás das outras.
Como sabe e parece sentir, as palavras apenas surgem na ressaca do nosso extase espiritual...e nem sempre conseguimos esse estado de graça que nos faz doer os músculos do coração encordoado...são ...momentos raros de comoção e por isso desconfio, quando, ritmadamente se escrevem sentimentos,na abrigação dos dias.

A passagem das horas, deve ter sido, escrita em momentos raros de inquietação metafísica de Alvaro de Campos que por vezes gritava -Tirem-me daqui a metafísica!!!

cumps

Ivone Mendes da Silva disse...

Caro Jotabil

Importa-se de me explicar melhor o seu comentário, nomeadamente,

- o conceito de "abrigação dos dias";

- a tese de que um poema deve ser escrito apenas num "momento raro de comoção";

- a tese de que "as palavras apenas surgem na ressaca do nossso êxtase espiritual";

- a tese que me parece subjacente, mas posso estar equivocada, de que um poema surge sempre da dor e, ao que deduzo, nunca da alegria

Tenha então a fineza de me explicar estes detalhes como se eu tivesse quatro anos.

Obrigada

Ivone Costa