12/02/10

Quem és tu romeiro?


Um equívoco com cinco anos. Nunca o Partido Socialista teve uma oportunidade tão generosa para fazer alguma coisa do país como a primeira maioria absoluta alcançada por Sócrates, na esteira da triste governação que foi a de Santana Lopes. Mas se este estava pouco preparado para governar, Sócrates ainda estava menos. Mas o pior nem é isso. O pior é que Sócrates e a cultura que tomou conta do PS, um partido sempre frágil na sua relação com os princípios, foi pensar que se podia fazer sempre política através de truques e de leituras apressadas de Maquiavel. Em democracia, o maquiavelismo funciona se houver substância, se se souber o que se quer e se se tiver alguma coisa de sólido para oferecer à comunidade. Mas se apenas existe habilidade para o truque, se não houver consistência e solidez nos princípios, e se não se tiver um rumo para onde se quer conduzir o país, então as leituras de Maquiavel são inúteis. Em vez de um príncipe glorioso, temos um romeiro. Quem és tu romeiro, pergunta-se no Frei Luís de Sousa, de Garrett. Ninguém, responde o romeiro. Quem és tu romeiro? Eis a pergunta que assedia a cabeça de Sócrates.

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