Instabilidade ortográfica
Tenho estado a ler textos na ortografia do português do século XIX. Mesmo nos romances de Eça de Queirós, ainda tão próximos de nós pelo Portugal que desenham, há uma ortografia que, aos olhos da actual, parece fantasmática. O leitor sente-se fora de casa, apesar da beleza gráfica que descobre nos lexemas. Ao olhar o texto, parece ter sido escrito noutra língua. Se comparo esses textos (ainda que de forma impressionista, pois não sou conhecedor da matéria) com textos franceses do século XIX e mesmo do XVIII, fico com a sensação de que a ortografia francesa é muito mais estável que a nossa. Existem diferenças, mas ao olhar para os textos, sinto-me em casa, aquele foi o francês que aprendi e que leio ainda hoje. Pode ser que seja uma ilusão óptica, mas até na ortografia vivemos em constante instabilidade.
1 comentário:
Precisamente..Em tempos andei às voltas com uma tradução do francês do século XXVII...nada que assustasse muito, pois encontrava-se muito próximo do francês que aprendi...com o inglês passa-se o mesmo...enfim, vivemos constantemente num equilíbrio instável, como dizia um amigo meu, versado na Física..
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