19/02/10

Começou


Como era de prever, e aqui se disse ontem, as verdadeiras corporações que colonizam a educação começaram a cair sobre Paulo Rangel. Veja-se como se pronunciam aqui. Se eu estivesse no lugar de Rangel não diria que essa gente percebeu mal. Perguntaria, antes, pela sua responsabilidade no estado a que a educação chegou. Perguntaria, também, que interesse os move. Aquele discurso é bem conhecido de quem anda nisto há muitos anos. Começou a soar forte nos tempos em que Joaquim de Azevedo era secretário de Estado. O resultado está à vista.

Sejamos honestos. Ninguém "quer" que a escola pública funcione com exigência e seriedade. Ninguém suporta ouvir falar em selectividade. Mas todos sabemos que quanto menos selectiva é a escola pública, mais selectiva é a sociedade e menos possibilidade de êxito têm nessa sociedade os alunos da escola pública. Rangel, se for eleito líder do PSD, já comprou uma bela guerra. É um facto que o discurso de Rangel soa a senso comum. Mas os discursos científicos (ou pseudo-científicos) feitos contra o senso comum na educação criaram o caos. Chegou a altura de perguntar se não há que temperar a educação com esse senso comum, que não é outra coisa senão o sentido partilhado por uma comunidade.

Uma nota. Quem quiser alterar alguma coisa na educação não deve deixar amedrontar-se nem tomar uma posição defensiva. Pelo contrário, deve perguntar por que razão os defensores de tão belas teorias deixaram chegar o sistema educativo e a escola pública à inanidade a que ela chegou. No tribunal da Razão, não é Paulo Rangel que se deve sentar no banco dos réus. Mas os seus censuradores.

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