16/02/10

O livro do entardecer 40 - entardecer

não sei se o caminho é este
onde canto no silêncio
ou oiço a voz obscura da terra
a zunir num coro de cigarras
se é verão e transpiro de cansaço

não sei a porta por onde entrarás
vestida de vazio e dor
trazendo um vinho já amargo
a pele gasta pelo tempo
que te deixou ser rapariga

nada sei de caminhos e portas
nem de vozes a cantar no silêncio
sento-me na minha cadeira
e é tudo o que tenho para esperar
desde manhã até ao entardecer

2 comentários:

maria correia disse...

Este último poema de O Livro do Entardecer merece um comentário, a modo de conclusão...é um conjunto de poemas de carácter bucólico onde perpassa a melancolia do Entardecer.Alguns são soberbos, outros menos bons, (o Carnaval, por exemplo)mas seriam quase todos dignos de um livro...e por que não agora uma sequência com o título. Manhã...?...

Jorge Carreira Maia disse...

Duvido do carácter soberbo de alguns dos poemas, embora, curiosamente, o do Carnaval seja um dos que mais gosto. Isto não é gostor pelo contraditório, mas a prova de que cada leitor (e o autor é apenas o primeiro leitor) lê coisas diferentes na mesma "pauta".

Relativamente à publicação, ainda não chegou a hora, se é que vai chegar. Estes poemas vão recolher agora à oficina. Primeiro descansam da exposição no blogue, depois serão retrabalhados e logo se verá o que merecem, se é que vão merecer alguma coisa.

Escrever sobre a Manhã é que, porém, parece-me já tarde.

Agradeço a leitora atenta que durante todo este tempo tem sido do que vou escrevendo aqui, nomeadamente da poesia.

Muito obrigado,

jcm