06/04/08

Platão - Protágoras

— De ciência, creio eu — respondi-lhe. — E não é bom, meu amigo, que o sofista, elogiando os artigos que vende, nos seduza como o fazem o comerciante e o retalhista com os alimentos para o corpo. Porque esses não sabem se os produ­tos que trazem são bons ou maus para o corpo (antes, elo­giam tudo o que vendem) e nem o sabem também os clientes, a menos que se trate, por acaso, de um professor de ginástica ou de um médico. Do mesmo modo, também aqueles que le­vam a ciência de cidade em cidade, vendendo-a a retalho, elogiam sempre ao interessado tudo quanto vendem, mas tal­vez alguns deles, meu caro, desconheçam o que é que desses artigos que vendem é bom ou mau para a alma. E o mesmo se passa também com os seus clientes, a não ser que, por aca­so, algum seja médico da alma. Se, pelo menos, fizeres uma ideia do que é bom ou do que é mau, então não te fará mal comprar a ciência de Protágoras ou de qualquer outro. Mas, se não, vê bem, meu amigo, não jogues os dados à sorte, nem corras riscos em matérias tão delicadas. Porque o perigo é muito maior na compra da ciência do que na compra dos ali­mentos (313 c - 314 a).

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