Frei Bento Domingos e os professores
O frei Bento Domingos tergiversa. Na crónica de hoje, no Público, deu-lhe para, de forma não muito indirecta e até ao arrepio da posição da Igreja, ou talvez para se demarcar dela, meter-se com os professores. Escreve coisas como estas: “Alguns professores mostraram-se mais à vontade na televisão e na rua do que na escola. Nas televisões e na rua, foram expeditos a descompor o primeiro-ministro, a ministra, o ministério e os encarregados de educação. Na escola, queixam-se de não conseguirem dar aulas por medo dos alunos. Estes gozam de um estatuto que os toma indomáveis.” De que falará o exaltado dominicano? Fala, a propósito da história do telemóvel da aluna do Porto, dos bodes expiatórios e da inutilidade de arranjar bodes expiatórios.
Diz, a determinado momento, o seguinte. «O recurso a bodes expiatórios, fixando-se só em algumas pessoas, grupos, corporações, instituições, etnias, acaba por ter culpados de turno, mas não gera correntes diversas de cidadania responsável, que respeitem o princípio da boa medida e do bom senso.» Estamos de acordo, mas o colunista esquece um pequeno problema, aliás problema que é ocultado a muita gente. Este governo e a sua excelsa ministra escolheram os professores como bode expiatório. Compare-se o que aconteceu à carreira dos professores com a dos outros corpos da função pública. Alguém foi proletarizado como os professores? Os universitários, como a ministra, irão sofrer um decréscimo na sua carreira como os outros professores? E os militares? E os juízes? E os políticos? O défice está a descer também e muito à custa dos professores, enquanto outros corpos da função pública mantêm, ou melhoram, o seu estatuto. Não é isto ser vítima sacrificial ou bode expiatório?
Mas, talvez o subtil teólogo não tenha compreendido, não foi apenas isso o que aconteceu. Este governo, para legitimar as suas opções sobre a carreira dos professores, tentou responsabilizar a classe docente por tudo e mais alguma coisa que não corre como deve na educação. Os ataques, durante meses e meses, foram contínuos. Nunca dei que Bento Domingos se preocupasse, na altura, com o bode expiatória, a vítima propiciatória. É pena. E escusa de vir com a Adela Cortina para legitimar a sua antipatia para com os professores: «Não pode haver bons educadores sem uma ética da educação, repensada e vivida.» Acreditará o piedoso frade que a maioria dos professores é destituída de ética e de deontologia? Ter-se-á convertido, o campeão das causas sociais na Igreja, ao utilitarismo? Ou estará com estranhas saudades do tempo em que a sua companhia era o sustentáculo da Inquisição? O sacrifício dos professores só estará concluído na fogueira?
Diz, a determinado momento, o seguinte. «O recurso a bodes expiatórios, fixando-se só em algumas pessoas, grupos, corporações, instituições, etnias, acaba por ter culpados de turno, mas não gera correntes diversas de cidadania responsável, que respeitem o princípio da boa medida e do bom senso.» Estamos de acordo, mas o colunista esquece um pequeno problema, aliás problema que é ocultado a muita gente. Este governo e a sua excelsa ministra escolheram os professores como bode expiatório. Compare-se o que aconteceu à carreira dos professores com a dos outros corpos da função pública. Alguém foi proletarizado como os professores? Os universitários, como a ministra, irão sofrer um decréscimo na sua carreira como os outros professores? E os militares? E os juízes? E os políticos? O défice está a descer também e muito à custa dos professores, enquanto outros corpos da função pública mantêm, ou melhoram, o seu estatuto. Não é isto ser vítima sacrificial ou bode expiatório?
Mas, talvez o subtil teólogo não tenha compreendido, não foi apenas isso o que aconteceu. Este governo, para legitimar as suas opções sobre a carreira dos professores, tentou responsabilizar a classe docente por tudo e mais alguma coisa que não corre como deve na educação. Os ataques, durante meses e meses, foram contínuos. Nunca dei que Bento Domingos se preocupasse, na altura, com o bode expiatória, a vítima propiciatória. É pena. E escusa de vir com a Adela Cortina para legitimar a sua antipatia para com os professores: «Não pode haver bons educadores sem uma ética da educação, repensada e vivida.» Acreditará o piedoso frade que a maioria dos professores é destituída de ética e de deontologia? Ter-se-á convertido, o campeão das causas sociais na Igreja, ao utilitarismo? Ou estará com estranhas saudades do tempo em que a sua companhia era o sustentáculo da Inquisição? O sacrifício dos professores só estará concluído na fogueira?
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