Ruy Belo - Lembra-te ó homem
Lembra-te ó homem daquele tempo antigo
considera os anos da geração passada
quando a cidade das palmeiras era olhada
por cristo que passava entre o trigo
ou anos antes pelo inimigo
que falava a moisés do mais alto do fasga
Da hortelã da arruda de qualquer erva plantada
pagaste o dízimo ó meu triste amigo
quando o amor é que exigia rapidez
Tens de deixar casa vergéis e jardins
coisas modestas como as unhas e os amendoins
E o que vai ser de ti? Serás talvez
não o que deus não foi para ti: rins
cingidos mas um nome para a tua timidez
[Ruy Belo. "Outono", in Todos os Poemas. Assírio & Alvim]
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