Pretérito Imperfeito - II. Se a ausência fosse
Se a ausência fosse
apenas um raio verde,
ou uma esquadria aprisionada,
ou um vidro quebrado pela manhã;
se fosse apenas a soleira da porta
onde não passas,
ou um sobejo de pão ao jantar,
ou uma tristeza erguida pelo tempo;
se fosse apenas a mancha de café
sobre a saia,
ou uma planície de lâminas,
ou um novelo de poeira ao sol da tarde;
se apenas fosse tudo isso,
ainda haveria na ruína da tua voz
um relâmpago de palavras
a iluminar a sombra do coração.
[JCM. Pretérito Imperfeito. 1981]
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