Pretérito Imperfeito - I. Quando voltamos a um tempo
Quando voltamos a um tempo,
ao joio dos dias,
às ruas gastas de tanto caminhar,
só nós voltamos,
de mãos exaustas
e olhos presos na terra.
Quando voltamos,
ninguém reconhece o viajante,
há muito ele partiu.
A face grave
é uma sombra de violeta
perdida entre um negócio
de mulheres
e ruas ávidas de flores.
Quando voltamos a um tempo,
as horas são rosas secas,
folhas tombadas,
vozes incertas
e um olhar perdido,
extasiado de erva,
esquecido da luz.
Na noite, ouve-se um grito
e voltamos;
o silêncio chama por nós.
[JCM. Pretérito Imperfeito, 1981]
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