O Lisboa-Dacar2008
As leituras que estão a ser feitas, na televisão portuguesa, do cancelamento do Rali Lisboa-Dacar mostram a indigência a onde se chegou. Desde o desgosto dos amadores até ao prejuízo dos profissionais, passando pelas perdas mais ou menos avultados para o turismo, tudo é motivo de notícia alargada e comentário frívolo. Ninguém consegue, porém, perceber o que há de fundamental neste acontecimento. O Dacar é uma das expressões emblemáticas da cultura ocidental, conjuga o automóvel, o prazer da aventura em terras exóticas, a liberdade de ir e vir, o gosto pela teatralidade espectacular, o drama agónico que a competição sempre traz. O que essa entidade mitológica, a Al-Qaeda, conseguiu foi pura e simplesmente impedir, em terras do Profeta, a manifestação do Ocidente e da sua cultura. Conseguiu evitar a contaminação. Talvez o Dacar volte, mas o precedente está aberto e a guerra em torno do rali está instalada. A partir deste momento, para os radicais islâmicos, impedir o Dacar passa a ser ponto de honra. O acontecimento fundamental não é desportivo nem económico, é político. Será assim tão difícil explicar isto?
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