A escola do vazio
Heidegger dizia que aquele que ensinava era o que mais aprendia. Durante muitos anos, confirmei esta verdade. Ensinava e saía da escola sempre com alguma mais-valia. Mas desde que este governo veio redefinir o papel do professor, saio vazio da escola. Olho para o lado e só vejo gente vazia. A escola tornou-se um vácuo, a profissão um exercício de nulidade, as regras uma ociosidade despótica. Já não há professores, há apenas balões que vão, mais tarde ou mais cedo, rebentar. Os seres humanos, por perspicazes que sejam, iludem-se sempre. Apesar de se saber que a nossa época é a era do vazio, acreditou-se que a escola poderia não o ser, que o professor poderia ainda ter a função de transmitir algo de substancial aos seus alunos, de fazer frente à degradação de todos os valores, de evitar, talvez miraculosamente, o crescimento do nada. Ilusão vã, ninguém resiste ao espírito do tempo.
Sócrates, Valter Lemos, Lurdes Rodrigues têm mil vezes razão. A escola que havia era desadequada ao mundo, ainda havia resquícios de ensino, ainda havia gente que valorizava o saber e que se esforçava por ensinar. Havia que controlar essa gente tresloucada e anacrónica. Na era do vazio, a escola só pode ser uma nulidade. É esse o papel do actual governo, adequar a escola à nulidade em que se vive, transformar a escola num cemitério do saber, matar o professor, fazer crescer o vazio, assegurar que os alunos não deixem de ser absolutas nulidades. Abra-se a escola à comunidade! Escancarem-se as portas para que o vazio da comunidade entre e tome conta de tudo. Os professores ainda conseguiram resistir a Roberto Carneiro, o grande anunciador do vazio educativo, mas hoje estão completamente derrotados. A irrelevância, o vazio, a nulidade, o nada triunfaram. Sócrates, Valter Lemos e Lurdes Rodrigues ganharam, esta é já a sua escola, à sua imagem e semelhança. O que vemos quando olhamos para estas personagens? Nada.
Sócrates, Valter Lemos, Lurdes Rodrigues têm mil vezes razão. A escola que havia era desadequada ao mundo, ainda havia resquícios de ensino, ainda havia gente que valorizava o saber e que se esforçava por ensinar. Havia que controlar essa gente tresloucada e anacrónica. Na era do vazio, a escola só pode ser uma nulidade. É esse o papel do actual governo, adequar a escola à nulidade em que se vive, transformar a escola num cemitério do saber, matar o professor, fazer crescer o vazio, assegurar que os alunos não deixem de ser absolutas nulidades. Abra-se a escola à comunidade! Escancarem-se as portas para que o vazio da comunidade entre e tome conta de tudo. Os professores ainda conseguiram resistir a Roberto Carneiro, o grande anunciador do vazio educativo, mas hoje estão completamente derrotados. A irrelevância, o vazio, a nulidade, o nada triunfaram. Sócrates, Valter Lemos e Lurdes Rodrigues ganharam, esta é já a sua escola, à sua imagem e semelhança. O que vemos quando olhamos para estas personagens? Nada.
2 comentários:
Extraordinária e sentidamente pungente.
N'A ERA DO VAZIO, a escola do vazio!
Texto soberbo! Donde ressalta, sem subtilezas, a desilusão, a desolação do autor.
Escrito com a amargura de quem se despede dum sonho que já esteve mais perto da sua realização.
Não acredito que se possa prosseguir neste trajecto... Mas quem virá repor a exigência em que se devem "moldar" (num sentido livre e positivo) os homens de amanhã?
E quando?
URGE ESTARMOS MAIS ATENTOS!
Mas ganharam, carago!
E trabalharam para isso.
Enviar um comentário