08/11/07

A energia e as potências libertadas

Segundo artigo do Público, a procura da energia irá subir 55% até 2030 (38% num cenário optimista). Cerca de 45% desta subida será da responsabilidade da China e da Índia. A China, em 2006, construiu 105 gigawatts de potência em centrais térmicas, sobretudo a carvão (foi como se instalasse a cada 4 dias uma central como a de Sines). A Índia vai precisar, em 2030, de 400 gigawatts de capacidade adicional. Curiosos são os números da frota automóvel chinesa: 5,5 milhões de veículos em 1990, 37 milhões em 2005 e até 2030 explodirá para 270 milhões. Para além da retórica sobre a defesa do ambiente e da aldeia comum, o que fica é a realidade dura dos números. Alguém vai dizer aos chineses e aos indianos que não podem consumir tanta energia? E os ocidentais, tirando a verborreia europeia, estarão dispostos a abdicar da sua vidinha confortável? A corrida à energia é um processo que não pára, está fora do controlo humano, como a economia que arrasta o consumo da energia. A modernidade é um processo de autonomia e de libertação. Ninguém percebeu, porém, que aquilo que essa libertação trazia estava muito longe de ser a emancipação do homem, mas a libertação de potências infra-humanas incontroláveis, que se preparam para o subjugar, senão mesmo para o destruir.

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