26/01/10

O livro do entardecer 28 - as tuas mãos

olhava estradas e caminhos pela manhã
a quase dor a pairar silenciosa
pintada de água e sono
à luz sonâmbula das margens

pessoas animais promessas de vida
tudo a que nos convida a fatalidade da hora -
a camélia e o silêncio crescem
e um suspiro anuncia-lhes a morte
aberta sobre o meio-dia

pela primavera, quando as pétalas enlouqueciam
restos de inverno rescendiam a estátuas
o olhar de pedra sobre a boca
as tuas mãos – não mais as tomarei

1 comentário:

maria correia disse...

Muito século XIX, bucólico, triste, saudoso. Muito bom.