15/01/10

Preparemo-nos para o pior que há-de vir


Tenho de reconhecer talento político no acordo alcançado por Isabel Alçada. Conseguir que a FENPROF o assinasse é obra. Talvez tenha razão em dizer que a sociedade acolheu bem o "virar de página" no sector da educação. No entanto, e apesar da simpatia e da gentileza da senhora Ministra, estão criadas as condições para que o pior se propague ainda com mais força.

Explico-me. O problema principal da educação não foi resolvido com o acordo. Mais, o acordo pouco ou nada contribui para a sua resolução. Serve para pacificar o sector e repõe alguma justiça na relação da sociedade portuguesa com os professores. Mas o problema número um da educação, contrariamente ao que pensava o anterior governo, reside nos alunos (não em todos, pois há excelentes alunos), na sua cultura e na cultura da sociedade portuguesa perante o trabalho, o esforço e o rigor. Por melhor que seja um professor, se o aluno não quiser estudar e trabalhar, os resultados não aparecerão, a não ser por prestidigitação, como tornar os exames tão fáceis que...

Agora que tudo está pacificado, vai voltar o tempo das ilusões, nas quais os professores, embalados pelas concessões feitas, serão cúmplices e vítimas. Que ilusões são essas? Que basta nós (refiro-me aos professores) querermos muito para que as nossas crianças, jovens e respectivas famílias deixem de ser o que são e de possuir a cultura que possuem. Que basta a acção do professores para os alunos sentirem-se motivados e passarem a estudantes exemplares. Ouvem-se os ventos rosnar. A tormenta da burocracia e do eduquês espreita, de novo, atrás da porta. Gostaria muito de estar enganado.

5 comentários:

Miguel e Rita Clara disse...

Concordo em absoluto.
E estou do outro lado da suposta barricada!!! Sou Mãe...
Gosava muito de ver os Profesores a fazerem greve, recusando-se a leccionar a quem nãoquer aprender, a estancarem perante aqueles que aparentemente mudam de ano lectivo sem terem sedimntos os mais rudimentares conhecimentos...
Talvez alguns alunos e aguns Pais fossem solidários...
o problema da manipulação estatística é, entre outros, o facto de tornar o conhecimento despropositado, basta iludir uma grelha, preencher uns parâmetros e segue-se em frente até ao vazio...
Perdoe o desabafo mas acredite que sei do que falo...

Jorge Carreira Maia disse...

Julgo que a ideia é mesmo essa, a de ir até ao vazio. Isso passa-se em quase todo o Ocidente. O problema, porém, é que a escola pública já não é escola, tornou-se apenas pública. Quem puder, e tiver à disposição, porá os filhos em bons colégios privados (muitos não são grande coisa). O destino da plebe democrática pouco comove as elites políticas.

Cumprs.
jcm

Margarida Tomaz disse...

É difícil passar a verdade que perpassa neste post! Quem deveria ser autoridade em meio escolar é o centro de uma arena, de um povo que tem sido mentalizado na vitimização!

A anarquia era preferível a este estado de coisas, onde a ignorância é a autoridade!

Miguel e Rita Clara disse...

permita-me corrigir alguns erros do comentário que fiz.
Sedimentado alguns.
aparentemente algumas teclas do meu Pc não estão a funcionar sem pressão ( parecem alguns alunos...)

Rolando Almeida disse...

Bem visto.
abraço