As graves dificuldades das finanças públicas
As graves dificuldades por que passavam as finanças públicas constituíram um tema recorrente, sobretudo nas Cortes do período final do reinado, entre 1475 e 1478. Nestas últimas a Coroa pediu um novo empréstimo, no valor de 80 milhões de reais, considerado «o maior pedido de toda a Idade Média portuguesa». Era o preço a pagar para garantir o contentamento e a deferência da nobreza face ao rei, para pagar a desventura militar na Guerra de Sucessão em Castela, para sustentar a manutenção das praças conquistadas no Norte de África. Não havia tesouro régio que pudesse aguentar tanta despesa, sobretudo num reino que nunca primara pela abundância de recursos naturais no seu território. [Bernardo Vasconcelos e Sousa, (2009). "Idade Média", in Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Gonçalo Monteiro, História de Portugal. Lisboa: A Esfera dos Livros, pp. 161]
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Não estamos a falar dos nossos dias, mas parece. Então, como agora, tínhamos os nossos elefantes brancos (intromissão na Guerra de Sucessão em Castela e manutenção das praças, que saíam bem caras, conquistadas em Marrocos). A necessidade de refrear os ímpetos dos clientes fazia o resto. Façamos, mais uma vez, o elenco. Um poder central frágil com necessidade de se proteger, poderes senhoriais clientelares vorazes, apesar da sua fragilidade, e um excesso de imaginação que nos transporta para aventuras que a razão não recomendaria. Os resultados estão à vista: as inacabáveis dificuldades das finanças públicas.
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