09/01/10

A força do Benfica


Nunca pensei que o Benfica, esta temporada, estivesse tão forte. Percebia que estava melhor, mais competitivo, que tinha outro espírito. Mas confesso que estava longe de me sentir seguro de que ele fosse um verdadeiro candidato ao título. Percebi-o ontem ao ver, nos telejornais, o discurso de Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto. Numa espécie de sessão espírita, produziu um discurso absolutamente assombroso, mas onde o assombro não conseguia disfarçar um certo medo e uma atitude desesperada. O Benfica nem vai em primeiro lugar e já todo o arsenal de uma velha guerra ideológica está já a ser mobilizado, como se ganhar ou perder um campeonato fosse a coisa mais importante da existência humana.

Que o Presidente de um clube faça isto (e que outros gostassem de ter o talento dele para estas rábulas) ainda se percebe, mas que a comunicação social dê relevância a este tipo de coisas, as quais acabam por difundir um clima odioso entre as pessoas, só por causa de uns pontapés na bola, é coisa que me deixa ainda mais consternado com o nosso pobre rectângulo, para usar uma metáfora futebolística. Um jogo de futebol, coisa de que gosto, não passa, por muito dinheiro que nele seja investido, de uma reunião onde 22 rapazolas correm, com mais ou menos talento, atrás de uma bola para ver se a conseguem enfiar numa rede. Como é que o sentido da vida de milhares de pessoas pode ser dado pelo desenlace de uma coisa destas? Como é que um clima que parece anunciar uma fracturante guerra civil pode ter acolhimento na comunicação social e na razão das pessoas? Por ser assim, o futebol deveria ser considerado com um factor de perturbação da ordem e da paz públicas. Mas não é, e o pior é que toda a gente acha estas coisas normais.

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