Pura reacção
Este artigo de Francisco Camacho, no i, retrata um dos tiques fundamentais da política portuguesa, desde o tempo de Cavaco. Diz Camacho: "A candidata a primeiro-ministro também faz mal em ceder a maniqueísmos. Se Sócrates fala em casamento gay, lá vem a família (...); se Sócrates faz campanhas para encher o olho, então Manuela diz que, do lado dela, não haverá espectáculo." Os políticos candidatos passam a vida a reagir aos anteriores. Cavaco apresentou-se como reacção a Soares. Guterres foi o anti-Cavaco, por excelência. Durão Barroso era a negação do diálogo de Guterres. Santana Lopes não sabia o que era e Sócrates não queria ser, ao mesmo tempo, nem o Santana nem o Guterres. Isto mostra, porém, a fragilidade da preparação dos nossos políticos. No fundo, são puramente reactivos, não têm autonomia de pensamento. Oitenta por cento do seu programa é a negação do governante anterior e os outros vinte por cento são futilidades para encher o papel. Este é também o problema de Manuela Ferreira Leite. O seu programa mínimo foi desenhado por Sócrates. Ela pretende ser o negativo do engenheiro, só isso. Pode dar para ganhar? Pode, já deu várias vezes. Não dá, depois, para governar, mas isso é já uma coisa menos importante.
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