19/09/09

Jogos florais

Vejamos se percebemos o que está dito aqui: «O mesmo artigo (do Correio da Manhã) acrescenta ainda que "o assunto não foi tratado nem ao nível do Ministério Público nem da Polícia Judiciária, por a Presidência da República entender que as mesmas poderiam não garantir a 'confidencialidade' do acto".» Não há nada a explicar? Se o próprio Presidente da República desconfia da Polícia Judiciária e do Ministério Ppúblico, como poderão pensar de maneira diferente os cidadãos? Esta nota de rodapé, dentro da balbúrdia da campanha eleitoral, não é coisa sem importância. O mais alto magistrado da nação desconfia dos órgãos de investigação, da sua capacidade de manterem o segredo. Mas o que transparece é que a expressão "confidencialidade do acto" é apenas uma metáfora. A política, em Portugal, está tornar-se numa sessão de jogos florais, onde a linguagem vai da ironia para a metáfora, desta de novo para a ironia, como se o exercício tropológico fosse a máscara para o medo de dizer o que se pensa.

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