30/09/09

Cooperação institucional


Hoje, já passa da meia-noite, começa uma nova fase da cooperação institucional. O grande problema, aquilo que agita as pessoas nestes dias, reside, todavia, num equívoco enorme. Nunca houve cooperação institucional. Esta era apenas o véu com que as partes cobriam as suas pretensões. A cooperação institucional nunca passou, em qualquer dos lados, de uma arma contra o outro lado. Estamos a falar de políticos que buscam o poder e não de santos que esperam a glória dos altares. Assim sendo, não há qualquer interesse em determinar quem é moralmente bom ou quem é a vítima. O jogo político não visa o apuro moral, mas o poder. Quando se apela à moral é porque esta é ainda uma arma para derrubar o inimigo. Ao cidadão comum, para além de tentar limitar o mais que puder as iniciativas dos que volteiam em torno do poder, resta-lhe o prazer de contemplar o jogo. O prazer não está na vitória dos nossos, mas na contemplação da destreza técnica dos contendores. Não é cinismo, as coisas são o que são, e a luta pelo poder é aquilo que temos visto. É feio? Talvez. Não convém, porém, que o espectador se torne adepto de uma das facções, aí deixa de perceber a beleza dos ataques, a habilidade na defesa, a imaginação com que se entra pelo território inimigo, isto é, deixa de perceber a essência e a verdade da cooperação institucional.

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