Um retrato
Um retrato fiel do país. Até ao final do ano o fisco vai vender 75 000 automóveis penhorados em execução fiscal. Pensar que isto é o resultado da crise financeira e económica internacional seria prova de ingenuidade. O cruzamento de fisco por pagar e automóveis é uma expressão da natureza lusitana. Os deveres fiscais são coisas incompreensíveis, boas para os tansos, mas nada melhor do que um automóvel para comprovar o sucesso na vida. Ambas as coisas são, porém, a capa de uma realidade mais substancial, a nossa atávica pobreza. Gostamos de viver como europeus desenvolvidos, mas não gostamos de estudar, trabalhar e pensar à sua maneira. De certa forma, acha-se que se tem direito a tudo, sem deveres para nada.
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