23/09/09

Xeque ao rei

Têm razão Pacheco Pereira e Luís Filipe Menezes. De facto, Cavaco Silva está, com a demissão de Lima e o silêncio subsequente, a interferir na campanha, e a interferir, neste caso, auxiliando os socialistas. O problema, porém, é que o seu silêncio anterior, para não dizer a sua posição equívoca, sobre as supostas escutas da sua casa civil era também uma interferência, uma interferência que favorecia objectivamente o PSD e a tese da asfixia democrática. Nessa altura, ninguém no PSD achou que havia interferência. Mas Cavaco demitiu Fernando Lima e remete-se, agora, ao silêncio porque a isso foi obrigado. O jogo mudou de feição, o adversário foi mais talentoso e colocou o Presidente numa situação muito incómoda. Quem observa de fora percebe que Cavaco está refém do governo (aqui, por exemplo). A benevolência com que os dirigentes do Partido Socialista estão a tratar o assunto publicamente não significa outra coisa. Porque ou Cavaco tem ainda um trunfo na mão e demonstra que estava efectivamente sob vigilância - mas como se explicaria então a demissão de Fernando Lima? -, ou então a sua posição no xadrez político é muito frágil, demasiado frágil. Poder-se-á dizer que os socialistas deram um ameaçador xeque ao rei. Não foi um xeque-mate, mas é muito duvidoso que o sacrifício de um peão seja suficiente para salvar a corte.

1 comentário:

maria correia disse...

Pois estou sinceramente intrigada com tudo isto. Se havia escutas, por que razão só agora o assunto veio a lume a sério? Se havia escutas, por que razão o presidente da República não agiu logo que soube e teve de esperar por todos este burburinho infame? Se não havia, como se pode ser tão vil e levantar tal questão? SE não havia, por que razão o presidente da república não desmente tudo de imediato? Está na moda levantar lebres que não existem. Enfim, estaremos atentos aos próximos capítulos...