Nunca mais acaba
Nunca mais acaba. Deve ser este o pensamento da dr.ª Ferreira Leite. Uma campanha difícil, uma campanha onde nada de importante a separava do seu adversário directo, uma campanha fundada essencialmente na oposição pessoal, uma campanha centrada em irrelevâncias. Agora, a dias do fim, quando as coisas não estavam nem bem nem mal, a decisão do presidente tornou negro o cenário. Neste momento, haverá já muito gente, no Largo do Rato, a sonhar com maiorias absolutas. Portanto, o desespero não está no PS. Aí pode haver exaltação, o retorno da arrogância, os dentes que começam a sair da boca. Desespero tem uma tonalidade mais laranja. Bom seria que o PSD tentasse, nestes três dias, centrar a campanha em algo mais substancial. O problema é que ninguém descortina o quê. O mais grave é que Sócrates não só ganha estas eleições, como fica numa posição tal que, mesmo com maioria relativa, terá espaço de manobra suficiente para enfrentar novas eleições, daqui a dois anos, caso sejam convocadas devido à instabilidade política que possa advir destas. Há um problema no PSD. Durante o consulado de Cavaco criou-se no espírito dos militantes do partido a ideia de que tinham um direito divino a exercerem o poder. Isso ainda não lhes passou. Mas se, para a época, a máquina política do PSD era relativamente profissional, hoje em dia, como se tem visto, não passa de um conjunto de diletantes, a brincar aos políticos contra gente que leva o poder demasiado a sério.
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