13/09/09

O meu lugar

Nunca soube lá muito bem qual o meu lugar no mundo. A evidência da posição foi sempre para mim um mistério. Não é que não tenha feito tentativas, múltiplas, para me posicionar. Mas o estar em posição sempre me cansou. Talvez a fadiga resida numa debilidade física e tudo se circunscreva à falta de ginásio. Ter um lugar no mundo implica ter uma posição e ser incansável na manutenção do posto. A minha fadiga, mesmo se física, sempre foi acompanhada, porém, por um des-crédito. Quanto mais quis acreditar mais desacreditei. No cerne de tudo, fundamentalmente daquilo que defendi ou defendo, sempre descobri o irrisório. O irrisório nasce da tensão entre não ter lugar e o querer ter uma posição. Desde que fui expulso do paraíso, não eu mas Adão e Eva por mim, que vivo no não-lugar do irrisório. O irrisório cresceu quando os homens, expulsos do paraíso, pensaram que tinham uma posição na Terra e essa posição era o seu lugar. [13 de Setembro de 2009]

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