Duas questões
Este editorial do Público deveria separar duas coisas. Por um lado, estão as questões de deontologa da profissão de jornalista e o comportamento das várias partes comunicacionais, digamos assim, envolvidas. Aí, porém, não basta bater no DN. É preciso explicar muitas coisas, nomeadamente por que razão um assessor político, não interessa de quem, tem o caminho tão aberto para soprar na orelha de jornalistas supostos factos. Ninguém acha que isto deva ser explicado, porque toda a gente pensa que isso é o pão nosso de cada dia. A comunicação social sai deste episódio bastante mal e não é só o DN, sublinhe-se de novo. O Público não sai melhor.
Por outro lado, há o caso do Presidente. A demissão de Fernando Lima não explica nada. Como as coisas estão, o Presidente terá de esclarecer se sabia ou não da missão de Fernando Lima, há 18 meses atrás. Caso não soubesse, não se percebe a razão por que não desmentiu os rumores que circulavam, tendo mesmo um comportamento ambíguo. Caso soubesse, terá de explicar por que agiu dessa maneira. As alternativas não são muito simpáticas. Ou participou numa invenção com vista a prejudicar uma das partes do jogo político, e aqui Cavaco Silva a única coisa que tem a fazer é abandonar a presidência, ou está profundamente convencido de que algo anormal aconteceu e que as instituições já não funcionam de forma regular para assegurar uma investigação independente, e aqui estamos num quadro em que a democracia já não funciona. Ora o papel do Presidente é assegurar o normal funcionamento das instituições. Resumo: ou ignorância dos factos e comportamento pouco sensato; ou participação numa invenção que põe em causa a normal disputa partidária; ou um quadro geral de perversão e dissolução das instituições. Seja qual for a realidade, Cavaco Silva tem de se explicar rapidamente. Quanto mais tempo demorar, mais o capital de confiança que o rodeava se diluirá.
1 comentário:
Sem côr "clubistica" um comentário:
Excelente texto ! Este é o corpo da notícia, os factos (jornalisticos e politicos)assentes na mesa.
Infelizmente como bem sabe ninguém lhes vai pegar.
Não interessa..o povo esquece (só o JMF se vai queimar e pessoalmente ainda bem que já me causava enfado a sua presença editorial no meu jornal de eleição).
O resto....LÁÁÁ EM CIIIMA...PR e PM sorriem, a concorrência é fraca ou igual e há muito que é prática em Portugal não serem assumidas as respectivas responsabilizações pelas frases infelizmente ditas e pelas acções nunca tomadas ou atitudes éticamente desprovidas.
Cumprimentos e parabéns.
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