A grande batalha destas eleições
Contrariamente ao que parece, a grande batalha política destas eleições não se trava entre PSD e PS. Trava-se à esquerda, trava-se pela redefinição do peso específico de cada uma das partes que constituem essa esquerda. A entrevista de Jerónimo de Sousa, ao Público, é sintomática das esperanças que habitam no coração da esquerda que, nos últimos trinta anos, esteve arredada da condução do país. A possibilidade de acordo com o PS é uma questão académica, diz o líder comunista, mas há questões académicas que se tornam, em conformidade com as circunstâncias, em questões reais. Basta para tal uma maioria muito relativa do PS, um reforço substancial dos partidos à sua esquerda, um parlamento claramente inclinado à esquerda. Esta possibilidade, porém, pode conduzir a um acordo à esquerda, mas também pode fracturar o Partido Socialista. Noutras circunstâncias, os socialistas inclinaram-se para a direita (CDS e PSD), mas hoje será isso possível? À esquerda, a correlação de forças, expressão tão do agrado do PCP, traz uma esperança de demover os corações socialistas. E não nos esqueçamos de uma coisa, o PCP sabe muito bem como e onde há-de ceder para ganhar alguma coisa.
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