09/03/09

Triste tristeza, por que és tão triste...


O actual regime político português está esgotado. Se dúvidas houvesse, bastaria ler as palavras do Presidente da República. Cavaco Silva disse estar «preocupado e até um pouco triste com a situação que o país atravessa». Desde quando a tristeza faz parte do jogo de linguagem da política? Haverá melhor prova de esgotamento do que a confissão de impotência presente nesta declaração? Repare-se na continuação do discurso do Presidente: «... mas continuo muito determinado em falar com os portugueses, conhecer as preocupações daqueles que têm dificuldades e estimular os que têm sucesso». Falar, conhecer, estimular são os verbos de uma confissão, de uma confissão de impotência que não é apenas a da limitação constitucional dos poderes presidenciais, mas do próprio regime. E o que pensa Cavaco fazer? Vai-se «manter no mesmo rumo, o de tentar dar confiança aos portugueses». Vai-nos dar mais do mesmo, daquilo que levou a esta "triste" situação, vai tentar (sic) dar confiança.

Cavaco não é exactamente como os outros políticos que pululam nos partidos governamentais. É mais honrado e mais atento aos valores do bem comum. O problema de Cavaco é que ele nunca passou de um contabilista, mesmo quando aprendeu os jogos esconsos da demagogia, na altura em que os dinheiros da CEE permitiam todos os delírios. Perdido o controlo na contabilidade, ele nada tem para dizer aos portugueses, aos portugueses que já não acreditam nas elites partidárias. A noite é cada vez mais escura.

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