05/03/09

Moisés David Ferreira - Reencontro XV

o que eu digo é: abre os ossos
com a leveza de um outono a tombar.
as palavras são globos subterrâneos,
vazios ao meio – têm de chegar à boca
como um extenso ritual a desfazer-se.
até à derradeira deserção.
o que eu digo: escreve
como se caçasses uma visão,
ou um fantástico animal
se conduzisse, incisivo, para o teu ventre,
e lhe tomasses o instinto como
se a morte fosse o destino desse amplexo.

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