04/03/09

Moisés David Ferreira - Reencontro XIV

a cabeça a despegar-se
da gasta dilação com que se prende ao corpo. com a faca
de nenhum gume: o poema. o sopro das próprias
fundações da carne –
que atira a cabeça para longe,
com a bússola da noite
a servir de antecâmara.
retira-se a cabeça: cirurgicamente,
como a chegada das estações. porque: quando chega
uma estação, a cabeça esvazia-se,
deixa-se inaugurar.
faz-se espaço. flui.
e o sangue a cavalo nessa nudez é o óbolo
para a mais vincada migração:
permanecer.

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