08/03/09

Em busca do suicídio



Mário Nogueira emergiu, na crise que assola a educação, como a figura central da representação dos professores. Infelizmente! Esta ameaça de greve às avaliações mostra que a inteligência é coisa que não abunda lá para o lado dos sindicatos. Esta gente não terá percebido que na tentativa anterior de greve às avaliações, o governo trucidou os professores e abriu caminho para o conjunto de malfeitorias que se propôs fazer? Eu sei que há professores que defendem esse tipo de radicalização do conflito. Mas essa posição coloca os professores em maus lençóis. Em primeiro lugar, transforma o professor num mero assalariado, idêntico a qualquer outro que pode fazer greve em quaisquer circunstâncias. Isso significa que o professor não é um elemento central na constituição da comunidade e que não tem deveres especiais. Os professores que defendem isso, uma greve às avaliações, concordam tacitamente com a política governamental de proletarização da classe docente. Em segundo lugar, uma greve às avaliações, do ponto de vista táctico, é uma vitória para o governo. Mais uma vez terá oportunidade para isolar os professores, depois destes terem recuperado a simpatia da opinião pública.

Os sindicatos já erraram demasiado. Mesmo a recusa de negociar sem que o governo retirasse o actual modelo de avaliação foi um erro estratégico. Os sindicatos deveriam ter aceite o modelo e negociar a sua melhoria, a sua desburocratização e a eliminação de itens de avaliação absolutamente ridículos, como aqueles que dizem respeito à relação do professor com a escola ou com a comunidade. Mas este tipo de idiotices devem agradar tanto aos nossos sindicalistas como aos nossos decisores políticos. Não deixa de ser traumática para a classe docente estar entregue a pessoas como Lurdes Rodrigues, Valter Lemos, Jorge Pedreira, Mário Nogueira e a restante horda de sindicalistas.

Sem comentários: