14/10/07

Ex-Ivan Nunes e a esculhambada que por aí vai

Num post do blogue Ex-Ivan Nunes, encontrei um belíssimo termo, esculhambadas. Escusa a leitor de se pôr a rir, o termo existe mesmo e descreve na perfeição o conteúdo semântico que é o seu. Se não é uma onomatopeia, pelo menos do ponto de vista linguístico – aí a onomatopeia remete para a formação de uma palavra em que a sua sonoridade imita o som da coisa significada –, é-o do ponto de vista da retórica. Segundo esta, a onomatopeia é um tropo (figura de estilo) que procura sugerir uma imagem auditiva de uma realidade através do uso mimético do som. É aqui que entra a esculhambada ou o esculhambado. Mas o que significa esculhambado?, recalcitra incrédulo o leitor. Significa desleixado, desmazelado. O blogger aplica-o à palavra institucional, quando ouviu dizer que Luís Filipe Menezes e Pedro Santana Lopes fizeram um acordo institucional. De facto, o uso do termo remete para o maior esculhambo (este derivei-a do verbo esculhambar) possível. Se eu quisesse, mas não quero, pois estou na digestão de um belo almoço, caracterizar a vida política portuguesa o que é que diria? A vida portuguesa é um esculhambo, nem mais. É um esculhambo do caraças, e toda a gente percebe a que grau de desmazelo se chegou com tão elevados protagonistas. Belíssima onomatopeia.

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