17/10/07

De caverna em caverna

Os dias declinam, mas a luz ainda é uma mancha que cobre a cidade, ateia incêndios nos telhados, faz resplandecer o verd’oiro das árvores. As gentes começam a regressar a casa, abandonam a fadiga que o dia sempre traz, escondem-se nas cavernas onde só as sombras reinam. De caverna em caverna, eis o destino que nos coube e a luz, se nos ilumina, logo fenece e se entrega aos deuses telúricos da noite. No horizonte, há manchas de sangue a pontuar as poucas nuvens que avisto. Caminho pela cidade, na esperança do silêncio, mas os gritos invadem a tarde como se, no crepúsculo que já se adivinha, carpissem o dia, à morte que será a sua ele se entrega.

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